"Rapariga irritada mata homem irritante"
(...)A ti Maria tem razão, eu realmente vi tudo. Sabe, eu não costumo comer fora mas a minha Alice estava com os azeites nesse dia e disse-me que não havia almoço. Não sei como me lembrei de ir à Tasca do Mandrião, mas lá fui, a ti Maria cozinha duma maneira que me faz lembrar da comida da minha mãe. No fim de almoço bebi um cafezinho com cheiro ao balcão, a ideia era perguntar à ti Maria o que havia de fazer com a minha Alicinha, ela é mulher mais velha, havia de me saber aconselhar. Eu tinha visto a rapariga a sair, de rompante e percebi que tinha alguma coisa a ver com o que o homem irritante lhe tinha dito. Lembro-me que na altura até pensei : este tipo é um parvalhão! Quando ela voltou achei que algo mudara nela, estava estranha, como se tivesse os olhos vidrados. Caminhou lentamente até à mesa onde estava o homem a comer uma canja e como que em câmara lenta vi-a a tirar aquele facalhão da carteira e a espetar-lho no pescoço. Ela tinha muita força, é preciso muita força para matar assim um homem, eu sei porque estive na guerra e já vi muitos a morrer. Desatou tudo aos gritos, a correr, a fugir. Estava tudo doido, em pânico! Menos eu, eu e a rapariga. Ficámos os dois no café vazio. Ela olhou para mim com a faca ensanguentada na mão e disse: «desculpe lá incomodá-lo Sr. Almeida, mas acho que agora o Sr. devia chamar a polícia. Não se preocupe que eu espero por eles.» Sentou-se numa mesa, cruzou as pernas e acendeu um cigarro. Estava bonita, ela, naquele dia. Bem bonita.»
(cont.)
3 comentários:
e um que eu recebo a ficar vermelha e sem saber onde me meter! bolas! OBRIGADO!
Como as gotas de chuva que caem na calçada, as lágrimas no teu rosto são pérolas perdidas...!
cal, não consigo entrar no teu blog, algo se passa com o link...
humpf!
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