domingo, abril 02, 2006

in carmuue's magazine (VI)

"Rapariga irritada mata homem irritante"
(cont.)
(…)Eu estava à espera que ele lutasse, mas não. Acho que esteve incrédulo até ao último momento. Mas depois era tarde demais. Não foi fácil matá-lo. Primeiro, com aquele sangue todo a jorrar, nem conseguia ver bem o que estava a fazer, e depois aquela gente toda aos gritos… desconcentra qualquer um! Quando ele tombou na mesa pensei: a ti Maria fez canja! Se eu soubesse tinha almoçado cá!
No café só estava eu e o sr. Almeida, tinha fugido tudo como se eu fosse matar mais alguém depois daquele. Esta gente é doida! (pensei eu). Pedi ao sr. Almeida para chamar a polícia porque tinha deixado o telemóvel em casa. E sentei-me à espera deles. Lembro-me de ter pensado: Afinal sempre matei o meu porco!
Devo-o ter feito em voz alta porque o sr. Almeida perguntou: disse alguma coisa menina? E eu disse-lhe que não era nada, que estava a falar com os meus botões, que fosse para casa que aquilo estava tudo uma porcaria que ainda se sujava e que depois a sua mulher não ia gostar nada. Pedi-lhe ainda que entregasse as minhas desculpas à ti Maria, coitada, não merecia que eu lhe tivesse sujo o café todo. Se ao menos aquele porco tivesse sangrado menos… mas não… até depois de morto irritava!
A Sra. Repórter que saber se estou arrependida? Ai que até parece o juiz! Digo-lhe o mesmo que lhe disse a ele. Não estou, nem um pouco arrependida. Sabe, há um limite para a quantidade merdas (desculpe a expressão), que uma rapariga pode aguentar. Eu sentia sempre uma pressão muito forte em dar a entender que eu achava que tudo era uma brincadeira, que ele não me importunava nada, mas acontece que às vezes ele tinha o poder de me estragar os dias. E isso não se faz a uma rapariga.
Não, não me incomoda a ideia de ficar presa por um bom tempo. Acho que vou aprender a falar mandarim. Dizem que são precisos 10 anos para a prender a fazê-lo realmente. E convenhamos, que disponibilidade de tempo não será propriamente um problema, certo?» A rapariga irritada piscou o olho, apagou o cigarro e deu por encerrada a entrevista.
A rapariga irritada não parecia irritada.
Fim.

3 comentários:

Anónimo disse...

Foi bem conseguida a estória, e se ela tem um sorriso bonito, então acabou bem ;)

rps disse...

E quando sai o próximo folhetim? O público habituou-se e exige-o.

Anónimo disse...

EU GOSTEI!