intriga-me

a necessidade que algumas pessoas sentem (e demonstram) em "fazer sala" quando é mais do que claro que estou a trabalhar...

a última foi: ah, estás tão calada...

(pois havia de estar a falar com quem? com o computador?)

mas já houve de tudo. desde a visita para mostrar o pé inchado, dizer que está com dores na anca, mostrar a roupa nova (com as devidas referências aos preços e às marcas, como é evidente), mostrar-me os flamingos no Tejo (ou melhor, massa de pontos brancos que eu me dispus a acreditar que fossem flamingos), indicar-me o freeport, Alcochete, a ponte Vasco da Gama (uau! essa é que eu ainda não tinha visto mesmo!)... ou simplesmente entrar e ficar à varanda assobiar... essa ainda é a minha favorita.... deve ser para fazer companhia : "tadinha da rapariga está práli sozinha... deixa ir lá fazer um bocadinho de soundtrack."

estas demonstrações de ternura são tão fofinhas (ler em tom de sarcasmo, pf), que quase (QUASE!), apagam da minha memória as diárias invectivas sobre os meus ciclos de sono:

Madrugaste hoje! Deitaste-te tarde ontem! Ah, hoje levantaste-te mais cedo!? A que horas te deitaste ontem? (e assim sucessivamente, diariamente)

ai ai... como recordo com saudades o tempo em que vivia sozinha, andava pela casa em roupa interior, comia o jantar em frente à televisão, tomava duches às quatro da manhã ou fazia impressões às 02am, deixava a loiça na banca e dormia umas sonecas no sofá...