quarta-feira, abril 20, 2005

Uma bela história de amor

A carochinha entrou no bar com um decote perfeitamente obsceno e com um andar insinuante, sentou-se na mesa barulhenta das amigas e pediu uma cerveja.
Depois de alguns copos, muitas gargalhadas e algumas ponderações completamente inconsequentes sobre o sentido da vida, levantou-se para comprar cigarros.
No caminho encontrou um grilo de expressão sombria e de whisky na mão que lhe sussurrou ao ouvido encostado à máquina do tabaco:
- Ó carochinha queres casar comigo?
A carochinha deu-lhe um murro e partiu-lhe o nariz. De mãos na cintura e voltada para a figura que jorrava sangue a toda a força a carochinha sentenciou:
-És um porco chauvinista! Não deves julgar os outros pelos seus antepassados. As carochinhas já não procuram “joões ratões” que lhes venham com conversas mansas e que depois lhes comam a sopa toda. Actualiza-te e deixa de ser imbecil!
Uns dias mais tarde enquanto estava numa ATM a pagar uma conta da luz, a carochinha virou-se e viu o grilo com a cara azulada à sua frente. O grilo sorriu-lhe a custo e disse-lhe:
-Então estás mais bem disposta hoje?
A carochinha, de sobrolho levantado aproximou-se dele.
-Para quem leva porrada de raparigas estás cheio de coragem. Então, estás melhor?
-Só te respondo se aceitares um café.
A carochinha rosnou baixinho e com um pouco de peso na consciência por ter sido tão bruta, aceitou.
Na pastelaria tomaram café e, entre covilhetes, conversaram.
Descobriram que o grilo não era tão porco chauvinista como parecia, e que a carochinha só se transformava numa hárpia temível quando lhe falavam de casamento.
Afinal ouviam a mesma música, adoravam folclore, nenhum sabia dançar e ambos trocavam as letras das músicas ao ponto de adulterarem completamente os originais. Tinham lido os mesmos autores e compravam compulsivamente livros em segunda mão apenas porque gostavam dos títulos e acabavam por nunca os ler.
Tinham em comum ainda o facto de ambos terem visto o “Branca de Neve” do João César Monteiro até ao fim, o que acharam admirável.
Gostavam de comida chinesa e tinham planos de um dia se tornarem vegetarianos desde que se fartassem realmente de comer picanha e francesinhas.
Nem o grilo comentou quando a carochinha pediu uma meia de leite com um prato de azeitonas, nem a carochinha se irritou com as bolinhas que o grilo fazia com o miolo do pão.
Desde esse dia não se largam.
Fornicam como coelhos e de vez em quando a carochinha lê contos eróticos enquanto o grilo enrola charros.
Costumam passear à chuva, entrar nas lojas dos alfarrabistas, roubar fruta dos pomares, tocar às campainhas das portas e fugir a correr.
São felizes.

4 comentários:

Ana disse...

Gostei, muito fofo!
É esta a historia q eu vou contar a minha prima(q tem 2 dias) um dia qd ela quiser uma historia!

Anónimo disse...

lol ora aki ta 1a historinha k da pa eu enfiar nas minhas andanças pla lij!!!! sim pork gaja k s vai doutorar em lij tem k tar atenta a estas pekenas e amorosas fatias legiveis d moralidade!!! bxox ah e kd xkreves tu sobre os bananas??? lol
fia tola

carmuue disse...

mas que boa ideia a tua (fia).
de facto é um assunto que ainda não teve a atenção que merece.
vou-me dedicar ao assunto!

Anónimo disse...

Adorei!!!
Lindo!!!
Vou contar esta história no jardim aos meus meninos!!
Beijos c saudades
Lia****