quarta-feira, junho 22, 2005

Fúria de Rapunzel I

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Rapunzel percorreu céleremente furiosa o corredor a quase que ia ficando com uma trança presa num cinzeiro e depois numa costela-de-adão. Abriu a porta basculante assustando a recepcionista que entornou o cafézinho na saia às flores cor-de-rosa.
- Quero falar com o sr. doutor!- disse, imperativa.
- B-b-bom dia... com certeza, tem consulta para que horas?
- Não tenho consulta marcada.
- Bem, então temos de marcar uma- movendo-se lentamente e, depois de deitar uma olhadela triste para a saia manchada, abrindo a agenda- pode ser para a semana?
- Nem pensar, tem de ser hoje!
- Mas... minha senhora- agora olhando-a de alto a baixo, por todo o comprimento das tranças com um olhar desconcertado- tem de ser com hora marcada... o sr. doutor é um homem muito ocupado!
- EU QUERO FALAR COM ELE HOJE!
- M-m-m-mas...
-Deixe estar, que eu trato disto!- E depois de desentalar as tranças debaixo da porta basculante entrou pelo consultório sob os protestos tímidos da recepcionista florida. Encontrou uma sala com uma mesa, um divã (tá claro!), e atrás da mesa um cadeirão onde um homem de meia idade fumava um cigarro de estranho aroma. O homem saltou do cadeirão e escondeu o cigarro.
- Que faz aqui? Quem a deixou entrar?
- Preciso de falar consigo!
O médico, já recomposto e apagando o cigarro disse pausadamente:
- As consultas só começam daqui a meia hora.
Rapunzel baixou os braços, deixou cair as tranças num estrondo e levou as mãos à cara começando a soluçar.
(to be continued)

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