Neste país onde se reclama por tudo e por nada, por o café estar frio, por estar a chover, por os sapatos estarem apertados, por dá cá a palha, há um tipo de reclamação que está ainda por desenvolver, aquilo que se poderia de chamar de reclamação intelectual.
É de minha opinião que todos os estabelecimentos como livrarias, cinemas, salas de teatro ou galerias de arte, deveriam dispor de um livro de reclamações onde o consumidor pudesse expressar o seu descontentamento.
Exemplos do que se poderia escrever:
"O filme que eu acabei de ver, é puro desperdício de película, é entediante, os actores são feios e, não me tramem!, aquelas cenas de sexo forma muito mal aldrabadas"
"Esta exposição de escultura abalou completamente com aquilo que eu considerava ser arte, as ripas de madeira espalhadas pelo chão, telefones sem auscultadores e pedras da calçada aqui e ali, só me fizeram pensar que a senhora da limpeza deste sitio seria bastante desleixada. Ou não me digam que é ela a artista e aquela bola de cotão ao canto da sala uma das suas obras mais conhecidas? Para quando uma exposição a sério?"
"O livro que o senhor me vendeu é, acima de tudo, um desperdício de valioso espaço de prateleira, os diálogos são excessivos, pouco ritmados, os personagens desinteressantes e a história que ao inicio parecia somente pretensiosa, revelou-se desinteressante e até inexistente. Este livro serviria talvez para papel higiénico não fosse o caso do meu olho do cu ter um nível intelectual superior ao do autor."
Estou certa que este tipo de serviço facultaria um tipo de ventilação de sentimentos que seria por demais salutar para os "consumidores intelectuais" aumentando em grande escala a sua qualidade de vida e ao mesmo tempo re-incentivando o consumo destes produtos.
Ao mesmo tempo seria interessante que um país dedicasse a mesma atenção à opinião de compradores de livros que dedica aos consumidores de pastéis de nata.
Assinado
carmuue, a-rapariga-que-hoje-enfiou-furiosamente-um-livro-no-primeiro-ecoponto-que-lhe-apareceu-à-frente
quarta-feira, março 12, 2008
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1 comentário:
Na última exposição que vi em Serralves veio-me essa ideia à cabeça.
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