terça-feira, janeiro 27, 2009

estou numa casa aqui ao lado

Desculpem, doutos homens, estetas,
espíritos poetas, almas delicadas,
a falsidade do meu génio e das minhas palavras.

Que é a erudição que eu canto,
que é da vida, o espanto, que é do belo, a graça,
mas eu só ambiciono a arte de plantar batatas.

Desculpem lá qualquer coisinha,
mas não está cá quem canta o fado.
Se era para ouvir a Deolinda, entraram no sítio errado.
Nós estamos numa casa ali ao lado.
Andamos todos uma casa ao nosso lado.

Bem sei que há trolhas escritores,
letrados estucadores e serventes poetas
e poetas que são verdadeiros pedreiros das letras.

E canta, em arte genuína, o pescador humilde,
a varina modesta
E tanta vedeta devia dedicar-se à pesca.

Desculpem lá qualquer coisinha(...)

Por não fazer o que mais gosto,
eu canto com desgosto o facto de aqui estar
E algures sei que alguém mal disposto ocupa o meu lugar.

Ninguém está bem com o que tem
e há sempre um que vem e que nos vai valer;
Porém quase sempre esse alguém não é quem deve ser.

Desculpem lá qualquer coisinha(...)

E é a mudar que vos proponho;
não é um passo medonho em negras utopias,
É tão simples como mudar de posto na telefonia...

Deolinda-Canção ao lado

1 comentário:

PauloG disse...

Ai... que me esqueci dos Deolinda no dia 25.... :-(
(tb a verdade é que a situação financeira tá de mal a pior)
A menina chegou a ir?

Beijinnhos